

Aglomerado de espécies, buritis, palmeiras, plantas rasteiras e pássaros. Veredas é bioma denso, é água que não cabe no chão e que procura um lugar na superfície para serenar. É do plural que acontece, do diverso, da matéria criativa que contorna as securas do caminho, formando um novo possível. É possível. Vegetação de resistência, oásis do sertão.
O Veredas Festival nasce em 2021 como fruto de um cenário pós-pandêmico, a partir de um exercício de deslocamento do território das trocas para o virtual. No campo da arte, circuito que historicamente traz relação direta com a realização de feiras, bienais, leilões, residências, entre outras práticas de natureza essencialmente presencial, o Festival assume, de partida, sua vocação como interlocutor entre o artista do(s) interior(es) e o sistema da arte, cuja densidade, na maior parte das vezes, está concentrada em regiões metropolitanas.
Ao percorrer o interior do estado de São Paulo em direção às regiões mais afastadas da capital, é este o bioma que salta pela janela. Veredas é um convite: um passeio mais adentro, um caminho outro, por outras regiões. Uma proposta de escoamento da produção dos saberes ligados à Arte Contemporânea que não os já conhecidos e visitados, e sim por meio de águas profundas que brotam no solo - tais quais um lençol freático.
Nesse movimento, três produtoras sediadas entre Campinas e Bauru se articulam para materializar no online possíveis itinerários desse escoamento. Na trilha de Doreen Masey, partilham o entendimento de que a geografia é mental - sua matéria é a das imagens mentais com as quais olhamos o mundo. Nutridas por esse desejo em comum e pelo desafio de acessarem certos espaços sem os habitarem, encontram no formato festival também uma forma de adensamento de trocas, de mergulho e de potencialização de encontros.
Veredas é busca, mas também é encontro.